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A luta brasileira contra o amianto em relato francês: “Uma curiosa história das relações franco-brasileiras” 1u2a6i

Tradução de trecho retirado do texto “Une curieuse histoire des relations franco-brésiliennes” publicado originalmente em medelu.org/Une-curieuse-histoire-des-relations-franco-bresiliennes 5c556


O caso da Saint-Gobain é emblemático dos problemas colocados pela apresentação da exposição.As informações apresentadas afirmam que “com a chegada das multinacionais ao país, termos como práticas ambientais, projetos sociais, governança corporativa, am a ser realidades no mundo dos negócios no Brasil”, ou que “Em 1999, a Brasilit e a Saint-Gobain o grupo lançou a busca por alternativas ao amianto ”, o que demonstraria “um forte compromisso com a preservação do meio ambiente e com a qualidade de vida dos consumidores”. 
O ponto é ousado. O Brasil não usava amianto até o final da década de 1960, quando a Saint-Gobain e o grupo suíço Eternit começaram a operar a maior mina de amianto da América do Sul, em Cana Brava, no Estado de Goiás [6]. No entanto, os efeitos particularmente danosos do amianto na saúde eram conhecidos desde o início do século, e a demonstração científica de sua natureza cancerígena foi feita em 1962 [7]. 

Na década de 1970, o regime militar (1964-1985) censurou informações sobre saúde ocupacional e riscos industriais e proibiu sindicatos independentes. Numa época em que, na década de 1990, as estratégias de influência postas em prática pelos fabricantes do setor para minimizar os riscos de exposição ao amianto não eram mais suficientes para impedir os Estados europeus de legislarem [8], e quando os sindicatos nacionais brasileiros votaram a favor sua proibição total em 1994, o Sr. Bernard Giboin, diretor de relações internacionais do ramo de "materiais de construção" da Saint-Gobain, declarou que "se a França acabou de proibir o uso de cimento-amianto, existem países grandes como os Estados Unidos, Grã-Bretanha e Japão que ainda permitem. O número de países onde é proibido é muito inferior ao de países onde continua autorizado”[9]. Com esse argumento invocado, a Saint-Gobain continuou operando a mina Cana Brava e comercializando materiais contendo amianto no mercado brasileiro.

O grupo francês só está reorientando sua estratégia industrial aos poucos e, se anuncia ao visitante que "lançou a busca por alternativas" (porém já comercializadas em outros mercados), a Brasilit, sua subsidiária brasileira, anuncia que parou de usar amianto em suas fábricas em janeiro de 2003 [10]. A Saint-Gobain não desfez seus interesses na mina de Cana Brava até dezembro de 2003. 

No final da década de 1990, com a criação da Associação Brasileira de Amianto Exposto [11], e após décadas de recusa de reconhecimento e indenização às vítimas, a Saint-Gobain ofereceu aos seus ex-trabalhadores uma indenização global em caso de doença, contra a recusa em levar a empresa a tribunal. Além disso, o grupo francês entrou com uma ação de difamação contra a Sra. Fernanda Giannasi, ex-inspetora do trabalho e fundadora da Abrea, que denuncia os valores ridiculamente baixos dos acordos extrajudiciais, as pressões sofridas pelos trabalhadores para esses acordos com a Saint-Gobain. As acusações são retiradas por um tribunal brasileiro após uma campanha internacional em apoio à Sra. Giannasi [12]. 

Atividades de lobby

Na década de 1990, a multinacional sa intensificou iniciativas para ocultar os perigos do amianto do público brasileiro e para convencer as autoridades da possibilidade de seu uso controlado e inofensivo [13]. A produção, a comercialização e o uso do amianto no Brasil foram proibidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2017. No dedicado à Saint-Gobain sa no Museu Histórico de Santa Catarina, se a “qualidade de vida do consumidor” é mencionado, o cinismo não terá sido levado ao ponto de argumentar um forte compromisso da empresa com seus trabalhadores e ex-trabalhadores.

Trecho do texto em sua versão original em francês

Une curieuse histoire des relations franco-brésiliennes
Le cas de Saint-Gobain est emblématique des problèmes posés par la présentation qu’en fait l’exposition. Les informations affichées stipulent que « avec l’arrivée d’entreprises multinationales dans le pays, des termes tels que pratiques environnementales, projets sociaux, gouvernance d’entreprise, deviennent des réalités dans le monde de l’entreprise au Brésil », ou encore que « en 1999, Brasilit et le groupe Saint-Gobain lancent la recherche d’alternatives à l’amiante », ce qui démontrerait « un engagement fort envers la préservation de l’environnement et pour la qualité de vie des consommateurs ». Le propos est audacieux. En effet, le Brésil n’utilisait pas d’amiante jusqu’à la fin des années 1960, avec la mise en exploitation par Saint-Gobain et le groupe suisse Eternit de la plus grande mine d’amiante d’Amérique du Sud, à Cana Brava dans l’Etat de Goiás [6]. Or les effets particulièrement dommageables de l’amiante pour la santé sont connus dès le début du siècle, et la démonstration scientifique de son caractère cancérogène est faite en 1962 [7]. Dans les années 1970, le régime militaire (1964-1985) censure les informations concernant la santé au travail et les risques industriels, et interdit les syndicats indépendants. Au moment où, dans les années 1990, les stratégies d’influence mises en place par les industriels du secteur pour minimiser les risques de l’exposition à l’amiante ne suffisent plus à empêcher les Etats européens de légiférer [8], et que les syndicats nationaux brésiliens se sont prononcés pour son interdiction totale en 1994, M. Bernard Giboin, directeur des relations internationales de la branche « matériaux de construction » de Saint-Gobain, déclare que « si la vient d’interdire l’usage de l’amiante-ciment, il y a de grands pays comme les Etats-Unis, la Grande-Bretagne et le Japon qui l’autorisent toujours. Le nombre de pays où il est interdit est très inférieur à celui des pays où il demeure autorisé » [9]. Cet argument invoqué, Saint-Gobain continue à exploiter la mine de Cana Brava et à commercialiser des matériaux contenant de l’amiante sur le marché brésilien.Le groupe français ne réoriente sa stratégie industrielle que très progressivement et, s’il annonce au visiteur avoir « lancé la recherche d’alternatives » (pourtant déjà commercialisées sur d’autres marchés), Brasilit, sa filiale brésilienne, annonce avoir arrêté d’utiliser de l’amiante dans ses usines en janvier 2003 [10]. Saint-Gobain ne se sépare de ses participations dans la mine de Cana Brava qu’en décembre 2003. À la fin des années 1990, suite à la création de l’Association brésilienne des Exposés à l’Amiante [11], et après des décennies de refus de reconnaissance et d’indemnisation des victimes, Saint-Gobain propose à ses anciens ouvriers une indemnisation forfaitaire en cas de maladie, contre leur renoncement à poursuivre l’entreprise en justice. En outre, le groupe français dépose plainte pour diffamation contre Mme Fernanda Giannasi, ancienne inspectrice du travail et fondatrice de l’Abrea, qui dénonce les montants ridiculement bas des accords extra-judiciaires, les pressions subies par les travailleurs pour signer ces accords, et les activités de lobbying de Saint-Gobain. Les charges sont abandonnées par une cour brésilienne suite à une campagne internationale de soutien à Mme Giannasi [12]. Dans les années 1990, la multinationale française multiplie les initiatives pour dissimuler les dangers de l’amiante au public brésilien et convaincre les autorités de la possibilité d’un usage contrôlé et inoffensif [13]. La production, la commercialisation et l’usage de l’amiante au Brésil sont interdits par le Tribunal Suprême Fédéral (STF) en… 2017. Sur le panneau consacré au français Saint-Gobain au Musée historique de Santa Catarina, si la « qualité de vie des consommateurs » est mentionnée, le cynisme n’aura pas été poussé jusqu’à arguer d’un engagement fort de l’entreprise pour ses travailleurs et ex-travailleurs.

Link da publicação:https://www.medelu.org/Une-curieuse-histoire-des-relations-franco-bresiliennes

Sama é condenada a pagar exames médicos por 30 anos a ex-funcionários contaminados com amianto 5d2i3w

OMS diz que inalação da fibra de amianto pode causar câncer de pulmão, ovário e laringe. Mineral é usado, principalmente, para fabricação de telhas e caixas d´água; empresa diz que 'cumpre com todos requisitos legais' 4s5g32

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Manobra adia seguimento de processos judiciais

Fachada da Johnson & Johnson

Johnson & Johnson enfrenta processos por conta do Baby Powder, talco que teria amianto em sua formulação.

A J&J (Johnson & Johnson) anunciou na 5ª feira (14.out.2021) que uma de suas subsidiárias declarou falência. Com isso, a empresa consegue adiar o avanço de processos relacionados a venda do Baby Powder, talco que supostamente continha amianto em sua formulação. O amianto é apontado como possível causadora de câncer de ovário e outras doenças. A empresa enfrenta mais de 30.000 ações judiciais abertas por conta do produto, descontinuado em 2020.

A J&J executou a remodelação corporativa na 5ª feira (14.out) e aderiu a uma manobra legal conhecida como falência em duas etapas. Criou a LTL Management LLC, subsidiária que ficou responsável pelos ivos do Baby Powder.

Ao acionar o capítulo 11 de proteção no Tribunal de Falências dos EUA em Charlotte, estado norte-americano de Carolina do Norte, a subsidiária suspendeu de forma automática todos os julgamentos a que está sujeita. Assim, ganha tempo para negociar acordos. Eis a íntegra do pedido (848 KB).

“Este pedido visa resolver todas as reclamações relacionadas ao talco de uma maneira que seja justa para todas as partes, incluindo quaisquer reclamantes atuais e futuras”, declarou a J&J em comunicado (íntegra — 132 KB). “Essas ações não são uma concessão de responsabilidade, mas sim um meio para alcançar uma resolução equitativa e eficiente.”

Em 2020, apensar de dizer que o talco era seguro, a empresa parou de vender o Baby Powder. Na época, a J&J afirmou que a descontinuação era devido à “desinformação a respeito da segurança” de seu uso. Michael Ullmann, vice-presidente executivo e consultor jurídico geral da J&J reafirmou agora que a empresa mantém a confiança na segurança de todos os seus produtos, incluindo o talco. A J&J se comprometeu a financiar os custos legais da LTL nos casos judiciais.

Com esse propósito, criou um fundo de US$ 2 bilhões. “Além disso, foram alocados fluxos de receita de royalties a LTL com um valor presente de mais de US$ 350 milhões para contribuir ainda mais com os potenciais custos”, lê-se no comunicado.

 

Link da matéria: https://www.poder360.com.br/internacional/jj-coloca-subsidiaria-recem-criada-em-falencia-por-caso-de-talco-com-amianto/

Há 10 anos, Austrália enterrou 23 aviões F-111 aposentados; Todos continham amianto 1j1v1f

Aviões F-111 que pertenceram à Austrália foram enterrados ao invés de virarem sucata - Montagem/YouTube/Thiess

Aviões F-111 que pertenceram à Austrália foram enterrados ao invés de virarem sucata

 

Um dos aviões mais icônicos da aviação australiana, o F-111 teve um destino inusitado naquele país. Diversos de seus exemplares, após completarem o ciclo de vida, foram enterrados em vez de serem

Isso é raro de acontecer, mas a escolha feita pela Força Aérea Australiana Real (Royal Australian Air Force - RAAF, na sigla em inglês) teve um motivo especial: diminuir os riscos de um acidente. Assim, em 2011, 23 desses aviões militares terminaram sua vida em um aterro sanitário no estado de Queensland, e não em um cemitério de aeronaves, como é mais comum.

 

Contaminação

F-111 - Sgt. Mark McIntyre/Departamento de Defesa da Austrália - Sgt. Mark McIntyre/Departamento de Defesa da Austrália

F-111 que pertenceu à Real Força Aérea Australiana com as asas "abertas"

 

A Austrália tem um plano de eliminação de equipamentos militares especializados, no qual o F-111 se enquadra. Por conter amianto, o descarte da aeronave teria de ser feito de uma maneira especial, o que geraria custos muito elevados.

O amianto (ou asbesto) é o nome de uma família de minérios a cuja exposição relacionam-se diversas doenças, como câncer de pulmão e a asbestose, causada pela aspiração do pó deste mineral. Assim, recortar a fuselagem do avião em pedaços para serem reciclados não poderia ser feito sem riscos consideráveis de contaminação.

Como o manejo dos restos do avião se tornou uma dor de cabeça, já que eles não poderiam simplesmente ser transformados em sucata, optou-se por enterrar os F-111 inteiros no aterro. Antes disso, motores, instrumentos e materiais eletrônicos foram removidos, e as asas foram cortadas.

 

Exemplares remanescentes

F-111 C-17 - Aviadora Kylie Gibson/Ministério da Defesa da Austrália - Aviadora Kylie Gibson/Ministério da Defesa da Austrália

F-111 é carregado em um avião cargueiro C-17 para ser levado para o Museu de Aviação de Pearl Harbor, no Havaí (EUA)

 

A RAAF adquiriu 24 F-111 inicialmente, e chegou a ter 43 aviões deste modelo operacional em sua frota. Desses, oito se acidentaram em serviço e 23 exemplares foram enterrados.

Após deixarem de operar, pelo menos seis unidades permaneceram em bases militares australianas. As outras foram disponibilizadas para museus civis, e uma delas está no Museu da Aviação de Pearl Harbor, no Havaí (EUA).

 

O F-111

F-111 - Montagem/Ministério da Defesa da Austrália - Montagem/Ministério da Defesa da Austrália

F-111 com a asa aberta, para voos em baixas velocidades, e com a asa retraída, para voos supersônicos

 

O F-111, ao contrário do que muitos podem pensar, não é um caça. Apesar do "F" em sua denominação (do inglês Fighter, que em português significa avião de caça), ele é considerado um bombardeiro médio.

Esse é um avião desenvolvido pela General Dynamics a partir da década 1960 para a Força Aérea dos Estados Unidos. Sua velocidade é de até 2.336 km/h, mas pode chegar a mach 2.5, ou seja, duas vezes e meia a velocidade do som (cerca de 3.100 km/h) quando está voando em maiores altitudes.

Sua propulsão é feita por dois motores, e ele pode voar até 4.780 km sem precisar parar para reabastecer. Ele tem 22 metros de comprimento e 5,1 m de altura.

Esse avião tem geometria variável, o que significa que suas asas mudam de posição, formando ângulos diferentes em relação à fuselagem. Isso representa uma vantagem, pois, em baixas velocidades, é interessante que a asa esteja o mais aberto possível para garantir a sustentação e, em altas velocidades, o mais recolhida, permitindo que opere o voo supersônico.

Esse bombardeiro é configurado para levar dois tripulantes lado a lado: um piloto e o oficial responsável pelo sistema de armas. Sua capacidade de transporte é de até 24 armas convencionais ou nucleares.

Ele foi batizado de Aardvark (que é outro nome para porco-formigueiro) pelo fabricante, e apelidado de "porco" na Austrália. Segundo o ex-ministro da Indústria da Defesa da Austrália Jason Clare, esse apelido carinhoso se deve ao fato de que esses aviões eram capazes de "caçar" seus alvos à noite e voar baixo, próximos à vegetação, graças ao seu sistema de radares.

 

Link para a matéria:https://abrea-br.noticiasgoianas.com/todos-a-bordo/2021/09/26/f-111-australia-f111-enterrou-enterrar-avioes-caca-bombardeiro.htm

 

 

Debate no Brasil aborda experiência portuguesa na remoção do amianto 442jw

O Brasil debate um novo capítulo do amianto no país e começa a pensar os processos de desamiantagem. Uma lei pioneira na capital de Santa Catarina condiciona a aprovação de construção, reconstrução, ampliação, reforma e traslado no município à apresentação de comprovação da inexistência de quaisquer tipos de asbesto no empreendimento.

Atenta à questão, a Fundacentro criou um projeto sobre os possíveis impactos desse processo e realizou o Seminário on-line “Remoção do Amianto: os desafios de Florianópolis na aplicação da Lei Municipal 10.607/2019″.

“A remoção é uma questão nova, fomos procurados em 2019 para opinarmos sobre a lei e apresentamos as diversas questões ocupacionais que nos preocupava”, conta a tecnologista da Fundacentro, Valéria Pinto. Assim foi criado o projeto “Possíveis impactos do processo de remoção do amianto (desamiantagem) previsto pela aplicação da Lei Municipal nº 10.607/2019, em Florianópolis”, coordenado por ela. Um dos objetivos é fornecer boas práticas de remoção.

“Esta lei municipal é uma ferramenta importantíssima porque exige, ao construir ou reformar, uma comprovação da inexistência do amianto. Fica aqui nosso comprometimento como Assembleia Legislativa de estar junto nesta caminhada”, afirma o deputado estadual Padre Pedro na abertura do evento.

A coordenadora da SOS Amianto e secretária da Subcomissão para a Criação da Norma Portuguesa para a Remoção do Amianto, Carmen Lima, também participou do seminário, na mesa – “Aspectos legais relacionados ao amianto e sua remoção, o contexto brasileiro e experiências internacionais” – e falou sobre as ações de Portugal.

O país teve três fábricas que utilizavam amianto crisotila vindo do Canadá. A incorporação se deu entre 1960 e 1990, mas se percebe algum uso após 2000. O amianto foi mais usado em telhados, especialmente na década de 1980, com aplicações em escolas e edifícios. Também era utilizado em alcatifa (tipo de carpete), tetos falsos, fitas, cordões e em materiais importados.

A proibição do uso da fibra em Portugal ocorreu em 2005. A remoção começou a ser vista em 2007. Em 2014, houve a publicação de uma listagem de edifícios públicos íveis de conter asbesto. No ano seguinte, parecer considerou a questão do amianto prioritária. A proposta é que haja a erradicação completa na Europa até 2032.

A Lei n.º 63/2018, referente à “Remoção de amianto em edifícios, instalações e equipamentos de empresas”, estabelece a definição de um Plano para identificação de edifícios, instalações e equipamentos com amianto, o que seria cumprido em um ano. Assim ocorreu o registro de edifícios particulares que usaram a fibra. Em 2020, começou o Programa para a remoção do amianto em escolas portuguesas.

Carmen Lima aponta que ainda há preocupações como o abandono de resíduos com amianto em terrenos baldios e a necessidade de empresas especializadas na remoção. Por outro lado, já existem tecnologias de ponta para a proteção de trabalhadores. As experiências de Portugal e Brasil mostram que ainda há um longo caminho a ser percorrido para que esse ivo ambiental seja resolvido.

Meio ambiente e saúde

O presidente da Abrea (Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto), Eliezer de Souza, destaca a importância de se olhar para o ivo ambiental do amianto. “Um debate amplo e democrático. Tema que envolve a saúde do trabalhador e a contaminação do meio ambiente, está presente nas telhas e caixa d’água, afeta a população como um todo”, completa o presidente da Fundacentro, Felipe Portela.

“Que esse material seja substituído e sua remoção seja adequada. Hoje não se justifica mais sua utilização. Há outras fibras não prejudiciais à saúde. A Lei de Florianópolis é uma iniciativa muito importante”, afirma o presidente do Crea/SC (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), Carlos Xavier.

Eduardo Algranti, médico e pesquisador da Fundacentro, destacou trabalho feito na Itália, o qual mostra que o risco de mesotelioma dobrava quando se convivia com alguma pessoa exposta ao asbesto. Já estudo feito na Colômbia aponta para casos entre jovens, o que mostra que a exposição começou na infância e evidencia a relação com o meio ambiente.

São trabalhos diretamente associados à exposição ao asbesto: mineração, ensacamento transporte e armazenamento dessa fibra; fabricação de artefatos de cimento-amianto, de materiais de fricção, de tecidos não combustíveis e de papelões especiais; filtros de bebidas e produção de cloro-soda; isolamento térmico de equipamentos industriais; e revestimento de fornos.

Também há os trabalhos associados à exposição inadvertida ao asbesto – construção civil, manutenção industrial, mecânica de autos, demolições e disposição de resíduos –, e as exposições ambientais: familiares de trabalhadores que lidam com asbesto; moradores de proximidades de indústrias que o processam; e afloramentos naturais da fibra.

“Quem trabalha em áreas com rejeitos de amianto tem risco de mesotelioma aumentado. A exposição ambiental é um problema”, alerta Algranti. “É importante que as áreas contaminadas sejam mapeadas, e os serviços de vigilância em saúde utilizem essas informações”, completa.

Nesse contexto, o médico considera o projeto sobre desamiantagem um marco nesta nova fase do amianto no Brasil. O pico de consumo dessa fibra ocorreu do final dos anos 1980 ao início da década de 1990, mas o uso só foi proibido em 2017 pelo Supremo Tribunal Federal. Ainda assim a mina existente em Goiás voltou a funcionar para exportação por conta de uma lei estadual, que está em julgamento pelo STF.

“A luta contra amianto se deu pela mobilização social”, recorda Algranti. Um dos ícones é Eliezer João de Souza, trabalhador contaminado por amianto em Osasco/SP. No evento, Eliezer contou uma pouco dessa história marcada por um “coletivo muito forte”. “Eu me emociono porque perdemos pessoas muito boas, continuamos lutando em nome deles também”, afirma o presidente da Abrea e defende que agora luta para acabar com esse ivo ambiental.

Para tanto, é preciso pensar na destinação desses produtos. “O Projeto de Santa Catarina é piloto, primeiro do Brasil se dispondo a isso. A partir dele, teremos noção do manejo mais adequado. Haverá casos que será melhor manter o material, outros não. Isso requer empresas especializadas. a não só pela remoção, mas também pela conservação e isolamento. No Brasil, estamos começando”, conclui Eduardo Algranti.

O médico explica que existe um período de latência longo desde o início da exposição ao amianto até a ocorrência de doenças. Essa fibra pode causar espessamento pleural, derrame pleural, asbestose, câncer de pulmão, mesotelioma, câncer de laringe e câncer de ovário.

O espessamento pleural é a mais frequente doença relacionada ao asbesto e, com os anos, as placas pleurais tendem a calcificar. A asbestose é uma doença de cunho ocupacional e de alta latência, que causa placas pleurais. Como tem a ver com a dose de exposição e o tempo, encontra-se em declínio.

O mesotelioma, tumor com alta fração atribuível à exposição ao asbesto, também tem longo período de latência, mas não possui relação com a dose. A sobrevida dessa doença é baixa, de 12 meses, e as taxas de incidência e letalidade são muito próximas. Praticamente todos que desenvolvem essa doença falecem por causa dela. Já o câncer de pulmão é a neoplasia mais frequente, normalmente, relacionado à dose-resposta. O risco de adoecimento cresce com o aumento do tempo de exposição e dose cumulativa.

O pesquisador apresentou dois estudos ecológicos. “No primeiro, demonstrou-se que no município de Osasco, diferentemente da tendência no estado de São Paulo, a mortalidade por câncer de pulmão em homens persiste em elevação. Uma análise recente ainda não publicada mostrou que em um grupo de municípios em que houve atividades de mineração de amianto e indústrias de cimento-amianto houve risco aumentado de óbitos por câncer de pulmão e de ovário, além do mesotelioma e das doenças não malignas relacionadas ao asbesto”, explica Algranti. A dificuldade no diagnóstico e os sub-registros são outros fatores a serem levados em conta.

Aspectos legais

A procuradora regional do Trabalho e coordenadora da Codemat (Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho), Márcia Aliaga, apresentou os aspectos legais relacionados ao amianto e sua remoção na segunda mesa do dia. “Não há leis específicas para a remoção do amianto, mas há um conjunto de normas”, explica.

A Convenção 162 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) aborda a questão da remoção do amianto. Antes de iniciar os trabalhos de demolição, é preciso criar um plano que vise à segurança dos trabalhadores, limite a emissão de pó de amianto no ar e providencie a eliminação dos dejetos que contenham a fibra.

Já o Anexo 12 da NR 15 aponta que “responsáveis pela remoção de sistemas que contêm ou podem liberar fibras de asbesto para o ambiente deverão ter seus estabelecimentos cadastrados junto ao Ministério do Trabalho e da Previdência Social/Instituto Nacional de Seguridade Social”. A norma também fala sobre avaliação ambiental, mas tem limite de tolerância desatualizado, e prevê o acompanhamento da saúde do empregado após a demissão por 30 anos.

Márcia Aliaga também falou sobre o Programa Nacional de Banimento do Amianto do Ministério Público do Trabalho (MPT), que existe desde 2012 e acompanha a questão, tanto pela via judicial, como através de incentivo à criação de políticas públicas.

 

Link para a matéria: https://www.mundolusiada.com.br/acontece/debate-no-brasil-aborda-experiencia-portuguesa-na-remocao-do-amianto/

Quando querem, sabem fazer, mas foi mais fácil e barato sacrificar vidas inocentes com sua tecnologia mortal: o AMIANTO 21l3r

Brasil desenvolve sua primeira telha de concreto que capta energia solar

Primeiras telhas fotovoltaicas de concreto do Brasil foram usadas em projetos-piloto em São Paulo - Divulgação

Primeiras telhas fotovoltaicas de concreto do Brasil foram usadas em projetos-piloto em São Paulo

 

A primeira telha de concreto capaz de transformar a luz solar em energia elétrica do Brasil começou a ser comercializada pela empresa do setor de construção civil Eternit. Inéditas no país até então, as telhas fotovoltaicas de concreto BIG-F10 são resultado de três anos de testes e adaptações para que as células fotovoltaicas pudessem ser integradas no material. "No caso da Tégula Solar, elas são aplicadas diretamente no concreto respeitando o formato em curvas das telhas", diz a marca.

Quem instalar as telhas em sua residência poderá captar a luz solar para a produção de energia elétrica sem a necessidade de painéis adicionais. "O que existe hoje em larga escala são placas fotovoltaicas cujos modelos precisam ser instalados em cima dos telhados", explica Luiz Antonio Lopes, responsável pela área de desenvolvimento de novos negócios da Eternit.

As primeiras unidades foram vendidas para clientes selecionados no Estado de São Paulo e na região de sua unidade fabril, em Atibaia, e nos próximos meses devem ser disponibilizadas para o público em geral, segundo a companhia. A seleção foi feita pela equipe técnica e comercial da empresa com base na capacidade inicial de produção e na formação de um portfólio de projetos de referência para diversas condições climáticas, padrões construtivos e possibilidades de aplicação.

"Queremos democratizar o o à energia elétrica originada a partir de fontes renováveis no Brasil, através de uma tecnologia revolucionária que pode gerar retornos sobre o investimento em um período de três a cinco anos", destaca o presidente do Grupo Eternit, Luís Augusto Barbosa.

A telha Tégula Solar mede 36,5 cm por 47,5 cm e é composta de concreto, com a incorporação de células fotovoltaicas em sua superfície. Sua potência é de 9,16 watts, o que representa uma capacidade média mensal de produção de 1,15 Kwh, com vida útil estimada em 20 anos.

"É um produto de fácil instalação e que não interfere na arquitetura das construções, com peso e estrutura semelhantes ao das telhas convencionais, mas que agrega valor ao telhado, além de oferecer proteção, conforto térmico e acústico", acrescenta Lopes.

 

Link da matéria:https://abrea-br.noticiasgoianas.com/ecoa/ultimas-noticias/2021/09/20/brasil-desenvolve-sua-primeira-telha-de-concreto-que-capta-energia-solar.htm

Guerra ao terror: "Vinte anos anos depois, milhares nos EUA sofrem de trauma e doenças provocados por atentados do 11 de Setembro" 1v6f46

Há 112 mil pessoas registradas em programa federal de apoio aos que foram diretamente afetados pelos ataques; exposição a detritos e a fumaça tóxicos provoca doenças como câncer, refluxo e sinusite crônica

 

NOVA YORK — Para milhares de pessoas nos Estados Unidos, ados 20 anos, os atentados terroristas do 11 de Setembro de 2001 estão longe de serem encarados como um evento histórico. As consequências dos ataques seguem presentes no dia a dia e, muitas vezes, na saúde. São parentes de vítimas, sobreviventes, moradores da área e, principalmente, quem atuou no resgate e remoção dos escombros.

— Todos nós fomos expostos a muitos carcinógenos e contaminantes no ar. E, desde o início, as pessoas tiveram tosse, dor de garganta e nariz escorrendo. É a tosse do World Trade Center (WTC). Dois anos depois daquele dia, você ainda tossia um pouco, porque seus pulmões estavam moles, irritados por termos ido ao local muitas vezes — diz o tenente dos bombeiros James McCarthy, que chegou à pilha de escombros naquele mesmo dia.

O Distrito Financeiro de Manhattan, onde ficavam as Torres Gêmeas do WTC, foi palco de 93% das quase 3 mil mortes dos atentados da rede terrorista al-Qaeda, que também fizeram vítimas no Pentágono, perto da capital Washington, e no estado da Pensilvânia. Além do trauma de testemunhar os atos e as mortes, quem estava em Nova York ficou exposto à nuvem tóxica decorrente do desabamento das torres, atingidas por aviões comerciais sequestrados pelos terroristas. A poeira e a fumaça carregavam substâncias nocivas, como combustível, cimento, gesso, amianto, fibras de vidro e metais pesados.

Informados pelas autoridades da época que o local era seguro, os que atuaram no rescaldo ficaram expostos. Não à toa, esse grupo compõe 72% dos filiados ao Programa de Saúde do WTC, plano de assistência do governo federal criado em 2011, hoje com 112 mil inscritos. Outros 27% são enquadrados como sobreviventes. Desde então, 1.510 inscritos que tinham diagnóstico de câncer morreram, assim como 1.571 que tinham doenças aerodigestivas, como sinusite crônica, refluxo gastroesofágico e asma. Entre os filiados ainda vivos, atualmente há 47,3 mil diagnósticos de doenças aerodigestivas, 22,2 mil de câncer e 19 mil de doenças mentais.

A lista deve aumentar, já que algumas doenças relacionadas — como o mesotelioma, tipo de câncer pulmonar provocado pela exposição ao amianto  — podem levar até 40 anos para se manifestar. E calcula-se que até 500 mil pessoas possam ter sido expostas aos ataques e suas consequências. Por causa disso, em 2019, depois de muita pressão das vítimas, o Congresso dos EUA aprovou a extensão dos auxílios até 2090, inclusive para novas adesões, a um custo de U$ 10,2 bilhões nos próximos 10 anos.

— Uma das marcas registradas do 11 de Setembro é que as doenças decorrentes dos ataques costumam ocorrer juntas. Assim, temos muitas pessoas que têm mais de uma condição de saúde mental, ou mais de uma condição de saúde física, ou uma combinação das condições física e mental. E o declínio na qualidade de vida aumenta com o número de doenças concomitantes que as pessoas têm — explica Mark Farfel, diretor de um outro programa, o Registro de Saúde do World Trade Center, gerido pela prefeitura de Nova York com recursos federais e que monitora (mas não trata) 71 mil pessoas diretamente expotas aos atentados.

O monitoramento da prefeitura, um dos maiores e mais longos já feitos após um desastre, começou logo depois de 2001. O grupo avaliado apresenta incidência acima da média para uma série de problemas, tais como asma, doenças cardíacas, câncer, consumo excessivo de álcool, até perda de emprego e aposentadoria precoce. Mas a condição de saúde mais comum entre os monitorados é o transtorno de estresse pós-traumático, que acometeu, em algum momento, um em cada quatro expostos, mais de quatro vezes a taxa da população em geral.

O tenente McCarthy, que hoje preside o sindicato que representa 7,6 mil oficiais superiores, da ativa e aposentados, considera-se "um dos sortudos'' que não desenvolveu doença grave após atuar no Marco Zero, nome pelo qual ficou conhecido o local do ataque. Mesmo assim, ainda hoje relata danos musculares pelo esforço intenso, dificuldade para respirar, irritação nas vias aéreas e refluxo gástrico.

— É algo que não me atrapalha viver, nada comparado às condições debilitantes que afetam tantos de nossos afiliados. Mas, além disso, há muitas coisas que afetam a alma — confessa.

O oficial de 59 anos perdeu muitos companheiros naquele dia. Os ataques ainda são o evento mais mortal para bombeiros (343 mortes) e policiais (60) na história dos Estados Unidos. Além disso,  McCarthy ou 48h seguidas vasculhando os escombros, recolhendo corpos e, muitas vezes, partes de corpos.

O monitoramento dos afetados também revela alguns fatores positivos. Um estudo publicado este ano identificou melhoria psicológica relevante em um grupo de quase 5 mil monitorados que haviam tido alto nível de exposição aos ataques e relataram sintomas graves de estresse pós-traumático nos oito anos seguintes. Foi identificada uma relação direta entre essa melhora e a presença, na vida dos avaliados, de maior e emocional e integração social.

Joan Mastropaolo foi uma das que se voltaram para a comunidade para reescrever a própria história. Ela e o marido moram ao lado do WTC desde meados de 1998. Na manhã do ataque, ela usou a estação no subsolo do complexo para pegar o trem em direção ao trabalho em Jersey City. E foi da janela do escritório, do outro lado do Rio Hudson, que viu os aviões se chocarem e os prédios desabarem. O marido estava em casa, teve que fugir correndo e, depois, foi removido em um barco da polícia, enquanto a segunda torre caía. Hoje, ele tem transtorno de estresse pós-traumático e não gosta de falar sobre o ocorrido.

O apartamento do casal teve janelas arrancadas e ficou coberto de detritos das torres. Mesmo assim, em janeiro de 2002, quando o o ao bairro ainda era , decidiram se mudar para uma outra unidade no mesmo condomínio.

Em 2006, a associação de vítimas da qual Mastropaolo faz parte criou um pequeno museu dedicado aos atentados, o 9/11 Tribute Museum. Isso foi oito anos antes da inauguração do maior e mais famoso museu, que fica a 300 metros dali, no exato local das Torres Gêmeas. 

A voluntária já perdeu três colegas, vítimas de doenças pulmonares relacionadas aos ataques. No museu e em tours guiados no memorial ali perto (já conduziu mais de 800), ela fala aos visitantes sobre a própria experiência, “uma espécie de catarse”  que ajudou no processo de cura e uma forma de retribuir toda a ajuda que recebeu, quando precisou morar de favor na casa dos outros, por exemplo.

—  Eu aprendi a força do espírito humano, pessoas ajudando pessoas. E senti que, depois que coloquei minha vida em ordem, precisava fazer algo para retribuir e ajudar a comunidade. Algumas crianças me perguntam: como vamos nos livrar do terrorismo? Nenhum de nós pode se livrar do terrorismo sozinho, é uma tarefa muito grande. Mas cada um de nós pode fazer algo especial para tornar o mundo um lugar melhor, não importa quão pequeno ou grande o ato seja.

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Link: https://oglobo.globo.com/mundo/vinte-anos-anos-depois-milhares-nos-eua-sofrem-de-trauma-doencas-provocados-por-atentados-do-11-de-setembro-25189477

Produtora de amianto controlada da Eternit, Sama retoma atividades 2j354i

Empresa estava impedida de operar desde 20 de agosto por causa de uma decisão liminar

A Sama Minerações Associadas – empresa controlada da Eternit – retomou suas atividades no sábado. A empresa estava impedida de operar desde 20 de agosto por causa de uma decisão liminar proferida em ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal (MPF).

O retorno foi possível, segundo a Eternit, porque o Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendeu os efeitos de decisão da subseção judiciária de Uruaçu (GO) até o trânsito em julgado da decisão de mérito da ação principal.

Toda a produção de amianto crisotila da Sama, em Minaçu (GO), é direcionada para a exportação, condição possibilitada por lei sancionada em julho de 2019.

Extração de amianto da mineradora Sama em Minaçu (GO)  — Foto: Reprodução/Sama

Extração de amianto da mineradora Sama em Minaçu (GO) — Foto: Reprodução/Sama

 

Link da matéria: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/09/05/produtora-de-amianto-controlada-da-eternit-sama-retoma-atividades.ghtml